Pesquisadores

Resumo: Este projeto tem como objetivo principal analisar a ocupação do estilista de moda (ou fashion designer) que trabalha no setor do vestuário em lojas populares. Temos como premissa que o chamado mundo da moda mescla um convívio entre a criatividade e o glamour, com a precariedade das relações de trabalho enfrentadas pela maioria desses trabalhadores. Iremos analisar o trabalho destes profissionais, as qualificações exigidas para as atividades que desempenham, o papel do cliente em seu cotidiano de trabalho, contratos e jornadas de trabalho e a percepção sobre o caráter criativo de seu trabalho frente a efetividade das atividades realizadas. Os locais de pesquisa são duas cidades do interior do Estado de São Paulo, Araraquara e São Carlos, e a grande São Paulo. Entendemos que nas cidades do interior as possibilidades de realização de algumas atividades são mais limitadas, observa-se uma predominância de ateliês de noivas. Enquanto que na cidade de São Paulo as atividades dos estilistas são mais diversificadas indo de grandes cadeias de lojas a pequenos ateliês.

Resumo: O foco deste estudo é a organização do trabalho nas fábricas chinesas instaladas no Pólo Industrial da Zona Franca de Manaus, cidade que desde o começo dos anos 2000 vem recebendo maciços investimentos oriundos de um novo ator produtivo global: a China. O “dragão asiático » tem desterritorializado sua produção, reterritorializando-a nos espaços da globalização. Esse processo objetiva-se no deslocamento de um conjunto de fábricas chinesas para os territórios do capitalismo, como Manaus, que passam a organizar a produção e a engendrar formas de gestão cujas características esta pesquisa busca identificar. A pesquisa também deslinda a visão sindical sobre a presença chinesa, bem como a visão dos trabalhadores do “chão de fábrica » sobre este processo, procurando tecer um panorama de como ele se concretiza em termo de padrão de produção e gestão do trabalho nas fábricas pesquisadas.

Resumo: Os trabalhadores de TI são categoria privilegiada para a compreensão das atuais configurações do trabalho em que novas formas de organizar, gerir e realizar o trabalho estão colocadas. O profissional de TI organiza sua vida em torno de projetos, com tempos flexíveis, é responsável por sua carreira e permanência no trabalho (empregabilidade), e sofre uma permanente cobrança por inovação. A pesquisa em curso tem como objetivo analisar o impacto do trabalho de TI sobre a forma de organização da vida dos trabalhadores do setor, procurando identificar suas percepções sobre como conciliam vida e trabalho quando estão trabalhando parcialmente ou totalmente em casa – ou fora do escritório. Buscamos identificar o alcance de tal modalidade sobre suas vidas em termos de interferência ou não sobre as relações familiares, de amizade, em momentos de lazer, etc. Por meio de informante chave e a aplicação do método bola de neve entrevistamos trabalhadores do estado de São Paulo do setor de TI, utilizando roteiro semiestruturado. Os dados tem apontado uma diversidade de arranjos do trabalho em casa, com a execução do trabalho em tempo total ou parcial, todos os dias da semana, algumas horas diárias, algumas vezes por semana. O uso do trabalho remoto é marcado pela natureza do contrato que o entrevistado possui com a empresa na qual vincula-se, ou seja, se o trabalhador é empregado, se é empreendedor, ou se teve que abrir a empresa para manter-se na carreira. Visibilidade dentro da empresa e sociabilidade são motivações que orientam as decisões dos profissionais pelo home office ou não.

Resumo: Este projeto objetiva analisar as transformações no comércio popular em São Paulo, tendo em vista as recentes políticas de formalização das atividades dos camelôs e do processo de transição dessas atividades das ruas para as galerias. Pretendemos investigar os efeitos dessas transformações objetivas sobre as percepções dos trabalhadores acerca de sua ocupação, relacionando as inflexões dessas experiências com a situação do mercado de trabalho nacional, e refletindo sobre um possível “desencantamento da condição salarial », frente aos deslocamentos do estatuto social do emprego formal nas últimas décadas. Para isso, nos dedicaremos à realização de uma observação de caráter etnográfico acerca do trabalho em galerias comerciais no bairro do Brás, em conjunto com a realização de entrevistas visando recuperar as trajetórias sociais dos agentes, comparando as percepções dos “camelôs » mais antigos com a dos “novos microempreendedores » do comércio popular. A partir da pesquisa de campo, buscaremos refletir não apenas sobre as transformações no comércio popular em São Paulo, mas acerca de mudanças mais gerais no mundo do trabalho, que passam pela disseminação da lógica neoliberal e do discurso empreendedor.

Resumo: A análise sobre as mudanças nas relações de trabalho contemporâneas pode ter fôlego renovado no estudo das ocupações não tradicionais, sobretudo aquelas relacionadas aos meios artístico-musicais, normalmente distanciados da visão clássica de manifestação do trabalho. Pode-se encontrar nelas uma aproximação ao modelo flexível pós-reestruturação produtiva, e rediscutir alguns dos conceitos mais recorrentes de sua análise, como a subordinação, a autonomia, a formalidade, a informalidade etc. Nesta perspectiva propomos estudar o trabalho dos DJs do lazer noturno paulistano, responsáveis pela manipulação e criação das músicas que são oferecidas nas festas que compõem este setor; em dois recortes empíricos diferentes, nos clubs de classe média e nas apresentações da periferia da cidade. Buscamos as variações da atividade quanto aos tipos de contratação, prestação e construção das suas identidades como trabalhadores. Analisando o papel das redes sociais no seu ingresso e manutenção no mercado, bem como os tipos de identificação possíveis, a partir dos limites entre a criação artística independente e a prestação subordinada, ou seja, entre as figuras do trabalhador e do músico autônomo; e do recorte sociocultural onde estão engajados. A metodologia será qualitativa, valendo-se de entrevistas semiestruturadas e de visitas nas apresentações que os DJs realizam, em seus diferentes estilos musicais e variações de infraestrutura e públicos consumidores.

Resumo: Este projeto tem como objetivo compreender como, e sob quais racionalidades, um grupo específico de vendedores ambulantes em Belo Horizonte – os toreros – se engajam e se sustentam cotidianamente em suas atividades de trabalho, em meio aos conflitos típicos das margens da informalidade e do Estado. Tratam-se de vendedores de rua que não possuem licenças ou salvaguardas legais de qualquer tipo, e elaboram seus modos de circulação e venda a partir da relação com o controle social: as brechas da fiscalização, negociações e conflitos. O grupo se figura, portanto, relacionalmente como um dos principais adversários do “ordenamento urbano”, que vem se reconfigurando desde a década de 1990. A pesquisa se dedicará a reconstituir as trajetórias dos toreros por meio de entrevistas em profundidade, e apreender, assim, as percepções práticas e os sentidos subjetivos do trabalho ambulante. O trabalho de campo se complementará com o método da observação de campo, a fim de apreender as rotinas em curso, desde os modos de circulação e comércio, às táticas de negociação e proteção, prestando também a observar os modos de organização coletiva deste grupo social. A partir do trabalho empírico, enseja-se compreender as transformações (e permanências) concernentes ao universo do comércio ambulante e, mais amplamente, refletir sobre as subjetividades em formação diante da governamentalidade no contexto das margens da informalidade e do Estado.

Resumo: O projeto de pesquisa de mestrado em fase final de desenvolvimento no IAU-USP sob orientação da Professora Cibele Rizek tem como objetivo central a investigação dos limites e injunções dos programas autogestionários de produção habitacional dos governos Lula-Dilma, na ótica da análise do lulismo do “nunca antes da história desse país”. Para tanto, o foco está na produção da modalidade Entidades do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, experiência que se deu numa situação inédita de disponibilização de recursos e de institucionalização em nível federal de um programa montado para que associações populares promovessem e gerissem independentemente seus próprios empreendimentos habitacionais. O recorte espacial para a observação dessa produção é a Região Metropolitana de São Paulo, palco principal dos grandes movimentos da luta urbana pela garantia de direitos, abrigando representações nacionais dos quatro principais movimentos de moradia (CMP, CONAM, MNLM, UNMP). As especificidades do PMCMV-Entidades propiciaram situações paradoxais de construção de tecidos urbanos e sociais nas cidades brasileiras que merecem ser analisadas, dada a extrema fragilidade e intermitência do processo autogestionário associadas ao atual contexto político-econômico mundial pós-crise de 2008.

Resumo: O projeto de pesquisa em desenvolvimento no IAU USP, tem como objetivo a analise de uma possível e atual produção neoliberal do espaço lida a partir de processos de resistência pela permanência de sujeitos políticos coletivos no espaço urbano. Para isso estão sendo observadas a trajetória de três conflitos de terra urbana com resistência organizada por Movimentos de Luta por Moradia, ocorridos em duas diferentes regiões metropolitanas do estado de São Paulo, a saber: A Ocupação Zumbi dos Palmares (2008-2013), a Vila Soma (2010-atual), ambos em Sumaré/SP, e o Pinheirinho, em São José dos Campos/SP (2004-2012). A trajetória da produção do espaço nestas três ocupações organizadas, considerando o histórico de eventos, as formas de organização cotidiana para à resistência popular, os diferentes atores envolvidos no conflito, as formas de regulação e controle estatal, as matrizes discursivas detentoras de legitimidade, e finalmente as relações de força constitutivas de um poder de produção do espaço, delimitam os horizonte de investigação.

Resumo: Este projeto propõe-se a refletir, através de um olhar a coletivos populares que debatem desigualdades, o envolvimento político com e na cidade. Buscamos analisar como diferenciações sociais que permeiam a sociabilidade política contemporânea – como as de gênero, classe, raça, geração, entre outras que se mostrem operantes – influenciam o desejo de aproximação e convivência nos coletivos, assim como os afetos e conflitos que constituem estes espaços.
Optamos por investigar o envolvimento em coletivos políticos em razão da expansão desses grupos nos últimos anos e também pela composição heterogênea que os marca. Indagaremos as razões das aproximações e envolvimento na forma “coletivo” e quais mobilidades essas relações constroem no cotidiano da cidade.

Resumo: O espaço urbano constitui amplo tema de pesquisa com os mais diversos desdobramentos. O presente projeto visa desenvolver pesquisa empírica que tem como objeto de estudo a Gleba Palhano, bairro na Zona Sudoeste de Londrina, bem como a análise das implicações socioespaciais da cidade gerida e produzida sob o ritmo das finanças. A área de estudo até pouco tempo subutilizada, a partir da década de 1990 passou a ser densamente ocupada por edifícios de uso residencial. A pesquisa utilizará como fontes de evidência, além do levantamento bibliográfico e iconográfico do município de Londrina, os dados coletados em órgãos públicos, construtoras e jornais que apontarão para a ocupação e história local. Também serão realizadas visitas in loco, entrevistas com a população e com os principais agentes e atores desses processos. Objetiva-se analisar a Gleba Palhano sob a perspectiva de sua constituição enquanto mercadoria “de luxo” e identificar as consequências do seu processo de produção urbana tanto no ambiente físico construído, uso, ocupação e perfil do morador, como na apropriação do espaço urbano pelos habitantes locais, comprovando ou contestando a hipótese de uma apropriação efêmera do espaço. Dessa forma, o estudo busca contribuir para o aprofundamento das pesquisas acerca das manifestações do capitalismo na produção do espaço urbano e para as análises urbanísticas da cidade de Londrina.

Resumo: O entendimento das favelas cariocas como “problema » não é recente. As representações de “territórios de pobreza » e “territórios de violência » tem pautado o tipo de interação que se estabelece com esses territórios e suas populações. Atualmente, o principal projeto voltado para favelas no Rio de Janeiro são as Unidades de Policia Pacificadoras – UPPs, elaborado diante da constatação do Estado da necessidade de uma reestruturação urbana, sobretudo para contenção da “violência urbana ». Tal contexto tem como desdobramento, principalmente em favelas pacificadas, o entendimento das “favelas » e “favelados » também como “consumidores em potencial » e como “cultura a ser consumida ». Estou chamando esse processo de favelização da cidade. Diante deste cenário, o presente projeto tem por objetivo refletir sobre a construção contemporânea das representações públicas de “favela » e “favelado », assim como sobre a produção de identidades e subjetividades, ou seja, a construção de sujeitos, sobretudo sob os signos da “violência » e do “consumo » para, em um nível mais geral, compreender o diagrama de interação social que emerge deste contexto. A hipótese sustentada é que, hoje, a figura do “favelado » é entendida especialmente nessas duas chaves, resultando nas perspectivas polarizadas de ameaça iminente ou, seu oposto, uma “cultura a ser consumida » e um “consumidor em potencial ». O que se propõe é uma pesquisa amparada em dois procedimentos metodológicos: i) buscar em uma história dos acontecimentos públicos – tendo por pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro – a produção das representações públicas sobre o “favelado », buscando as origens de suas figurações contemporâneas, inflexões, complexidades; ii) observar, a partir de etnografia das interações cotidianas desses sujeitos em sua circulação pelo espaço urbano contemporâneo, o próprio processo de subjetivação e de produção de identidades vinculadas às experiências coletivas.

Resumo: A partir de dois agentes operadores, a Caisse des dépôts na França e a Caixa Econômica Federal no Brasil, a pesquisa analisa algumas transformações recentes no âmbito das políticas habitacionais, tendo em vista uma problematização da financeirização no contexto que sucede a última crise financeira mundial de 2007/2009. Desenvolve-se assim como objeto de pesquisa as novas estratégias intitucionais de financiamento, as quais têm conjugado nos casos estudados, recursos provenientes do mercado de capitais, juntamente com recursos de poupanças regulamentadas dentro do contexto da política habitacional. Esses novos modos de financiamento apontam para novas articulações intra e inter esferas de financiamento e promoção imobilária, marcada por hibridações entre agentes públicos e privados. Apontam ainda para novas estratégias imobiliárias de produção urbana que devem ser entendidas nas suas especificidades.

Resumo: Este estudo é o resultado de quase três anos de pesquisa realizada em uma cidade histórica e, universitária, distante a 100 km da capital mineira. A trans- formação de Ouro Preto, ainda no século XIX, em um importante polo formal de qualificação profissional provocou um intenso e crescente fluxo migratório de jovens procedentes de outras regiões do país que, atraídos sobre tudo pela oferta de formação superior de qualidade e gratuita, alterou significamente a configuração social da antiga cidade colonial. Essa transformação, ora devagar, ora acelerada, não veio desacompanhada de pequenos des-arranjos interacionais, impulsionado, sobretudo, pela ausência de equipamentos públicos de sociabilidade e, pela forma encontrada pelos novos moradores para escapar na monotonia e do bad, para interagirem entre si e estreitarem os laços sociais, a festa. Assim, o rock e o sociais são festas importantes entre a juventude de Ouro Preto, de modo mais evidente, entre os moradores de uma das mais de 400 repúblicas existentes na cidade. Assim, destas frequentes festas, parece ter se desenvolvido um tipo específico de fantasia coletiva na cidade, por um lado, a crença local é a de que tais forasteiros não respeitam a cidade e, nem muito menos, os seus moradores “legítimos » e, por outro, a crença entre os estudantes é a que os moradores locais vivem do passado e não se abrem ao novo, dificultando assim, a interação entre os jovens moradores. Dito isso, este estudo traz como foco principal, esta relação social [imaginada, difícil] entre os jovens de 18 a 29 anos, moradores locais e moradores flutuantes, estes últimos, estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto, objetivando, sobretudo, apreender a lógica que rege as relações sociais desenvolvidas na cidade.

Resumo: Em Junho de 2013, um ciclo de manifestações tomaram os espaços públicos no Brasil. Um ponto de partida foi dado com o Movimento Passe Livre São Paulo ao reivindicar a revisão do aumento das tarifas do transporte público, no entanto as pautas bem como o perfil de manifestantes foram se alterando, e em poucos meses foram contabilizadas 470 manifestações em todo o país, sendo noventa delas na própria cidade de São Paulo. O presente projeto de pesquisa tem como proposta analisar em que medida as Manifestações de Junho podem ser lidas como ações que reconfiguraram e influenciaram as práticas de mobilização social no Brasil, o papel do Movimento Passe Livre São Paulo nessas manifestações, bem como uma melhor caracterização do mesmo, e os respectivos desdobramentos políticos das mobilizações em massa entre o período de 2013 e janeiro 2019. Além disso, a pesquisa também intenta apreender as dinâmicas mundiais dos movimentos sociais contemporâneos e as novas características que remontam a uma mudança de repertório na associação política coletiva. Ancoro-me em bases analíticas das teorias dos movimentos sociais, seu debate histórico – nos nomes dos teóricos Tilly, Tarrow, Habermas e Tourraine – e os rearranjos atuais, tanto do debate acadêmico internacional, quanto das apropriações que se esforçam em pensar as especificidades brasileiras. O campo de disputa política, será descrito através da análise da versão midiática das Manifestações de Junho, com a apreensão de dados infodigitais do Facebook para verificar possível mudança nas abordagens e conteúdo das pautas, somado à metodologia de trajetória de vida, com a realização de entrevistas em profundidade com membros do MPL.

Resumo:

Resumo: Atualmente, as periferias urbanas vêm ganhando novas configurações socioespaciais e padrões de segregação. O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), criado em 2009, tem se apresentado como vetor importante desta mudança. Este programa tem colaborado, de maneira geral, com o aumento da segregação urbana e com a alteração das sociabilidades urbanas das periferias. A cidade de São Carlos/SP, onde esta pesquisa será realizada, também segue está tendência. A pesquisa se propõe investigar o PMCMV sob dois eixos de análise. No primeiro e principal eixo de análise, pretende-se compreender por meio de uma etnografia urbana, como os empreendimentos e as consequentes transformações no tecido urbano refletem nas sociabilidades urbanas e como a sociabilidade urbana produz espaços urbanos, na ótica dos beneficiários do Programa (Faixa 1). Objetiva-se reconhecer elementos centrais das perspectivas dos moradores a respeito das formas de sociabilidade urbana, a fim de entender as atuais fronteiras de segregação socioespacial e novas centralidades. No segundo eixo, busca-se, a partir de análise documental e entrevistas com os agentes públicos municipais da área de habitação, compreender o desenho político institucional e as especificidades municipais. Portanto, propõe-se compreender de que maneira o PMCMV tem dialogado com as formas de sociabilidades urbanas, o tecido urbano e as zonas de segregação da cidade de São Carlos.

Resumo: O projeto propõe o desenvolvimento de pesquisa sobre a política de Regularização Fundiária instituída pela Lei Federal nº 11.977/2009, a fim de contribuir para o debate sobre as políticas públicas habitacionais de interesse social instituídas no Brasil na última década. A pesquisa tem como objetivo a análise da política em questão para compreender como se operacionaliza a aplicação desta política habitacional, quais seus efeitos socioespaciais e, sobretudo, qual a sua finalidade. O referencial teórico proposto para o desenvolvimento da pesquisa foi estabelecido sob duas óticas principais: a primeira que dialoga com as demais pesquisas que abordam a produção habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida, posicionando a política de regularização fundiária no contexto da financeirização e mercantilização da habitação – no lugar do direito à moradia – na tentativa de compreender o papel da regularização fundiária no processo de retroalimentação do sistema econômico e, ao mesmo tempo, interpretar como são configurados territórios; a segunda procura tensionar o papel da legislação e tenta responder à hipótese de que a implantação dessa política nos moldes da Lei nº 1.977/2009 é mais um aspecto da exceção que possibilita ajustes estruturais que têm caracterizado o Estado brasileiro contemporâneo.

Resumo: Esta dissertação trata da mudança de ênfase das politicas sociais, no que toca a possibilidade de superação do conflito sócio-político, deslocada para sua gestão e controle. Tendo como universo empírico de análise as interações que se processam nas rotinas de atendimento da unidade do CRAS Campo Limpo, localizado na cidade de São Paulo/SP, este trabalho, a partir de uma pesquisa de campo de caráter etnográfico, mais que o delineamento institucional, busca colocar em evidência a prática cotidiana da Política Nacional de Assistência Social, a partir do contato com os técnicos implementadores e usuários. Procura, por um lado, analisar a concepção da Política Nacional de Assistência Social e como esta política se operacionaliza na prática, em seu nível básico, na Unidade do CRAS Campo Limpo, a partir da articulação e manejo do discurso da vulnerabilidade social por seus operadores e quais efeitos derivam daí. Por outro, busca analisar os processos por meio dos quais a ordem está sendo disputada, o espaço está sendo reconstruído e o Estado está reproduzindo suas categorias de legitimidade nas periferias urbanas.

Resumo: A presente pesquisa se insere no embate entre dois discursos: um que denuncia as atuais formas de operacionalização da questão social como gestão, e o outro que apresenta a política a partir de determinadas formas de superação da pobreza, entre elas a economia solidária de maneira geral, e os bancos comunitários de desenvolvimento, de forma mais específica. Assim, busca-se pensar o lugar das mulheres na vida pública a partir da construção de caminhos de enfrentamento da questão social que, para além de transformações no âmbito econômico, contribuam para a construção das mulheres enquanto sujeitos políticos capazes de reivindicar seus dilemas em termos de direitos legítimos. Nesse sentido, tem-se como objetivo explorar os impactos de uma política pública de superação da pobreza pautada nos princípios da economia solidária na vida cotidiana de suas “beneficiárias”, no sentido da sua construção enquanto sujeitos políticos de direito. A partir da metodologia da pesquisa-participante, apresento e reflito sobre minha experiência de campo junto às atividades desenvolvidas no âmbito do empreendimento econômico solidário Banco Comunitário de Desenvolvimento Nascente, localizado em São Carlos-SP, e da convivência que tive, ao longo desse período, com as trabalhadoras desse empreendimento, as Agentes de Desenvolvimento Local.

Resumo: O trabalho assistencial compõe um campo bastante heterogêneo do terceiro setor. A constituição e motivação para a realização de tal atividade é atrelada por muitos autores a aspectos religiosos, ao longo da história. No entanto, a abrangência da religião no segmento das instituições não governamentais que praticam atividades assistenciais é bastante ampla e ainda desconhecida em determinados aspectos. Considerando tal contexto, a pesquisa que gerou esta dissertação teve como objetivo o estudo do enredo assistencial-político da Fundação Edmilson localizada em Taquaritinga-SP, fundada e liderada por um ex-jogador de futebol que atuou no exterior e foi pentacampeão mundial: José Edmilson Gomes de Moraes. O trabalho investigativo envolveu: revisão bibliográfica; apuração de informações em redes sociais, jornais e portais de notícias; e entrevistas semiestruturadas com integrantes da fundação. Buscou-se avaliar como são desenvolvidos os aspectos advindos de outros campos sociais, e componentes do trabalho assistencial presentes nesta organização, capitaneada por um atleta evangélico com certo renome internacional.

Resumo: A institucionalização da economia solidária criou um novo campo de experiência política dentro do Estado brasileiro? Em quais questões o cenário político pós-impeachment altera as vivências políticas na Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES)? Diante deste contexto, este trabalho propõe uma reflexão a respeito das vivências políticas do movimento da economia solidária, buscando construir apontamentos sobre as seguintes questões: em que medida a criação da SENAES, advinda de um movimento social, se configura como um espaço político que promove experiências que interpolam o poder estabelecido pelo Estado, e em que medida reproduz a gestão da democracia mediante um compasso com a regulação estatal? Neste novo cenário político pós-impeachment, como a SENAES é afetada em suas vivências democráticas? Debruçar um olhar analítico para a institucionalização da economia solidária e sua situação atual mediante o arrefecimento das políticas sociais, proporciona investigar as possibilidades efetivas de deslocamento e aproximação da ordem formal de gestão estatal, conduzindo a reflexão sobre a fronteira entre político e social, entendendo política também como formas de subjetivação.

Resumo: Les Banques Communautaires de Développement (BCD) contribuent à la restructuration des économies locales ainsi qu’à l’inclusion financière de populations pauvres. Fondées sur l’auto-organisation d’habitants et de travailleurs sociaux, elles essaiment sur l’ensemble du territoire brésilien depuis la fin des années 2000. À partir d’une étude de cas de Banco Bem, nous proposons d’analyser la spécificité de leur système de crédit qui vise à répondre à des besoins économiques et sociaux (alimentation, logement, lancement et stabilisation d’une petite activité) tout en protégeant les clients du surendettement. Opter pour une approche territoriale nous conduit également à souligner les interactions entre les banques communautaires et les quartiers sur lesquelles elles s’implantent. Les BCD, renouant avec l’approche du « développement communautaire », on se demandera comment les mobilisations locales qu’elles impulsent, se confrontent aux pratiques de cooptation et clientélisme qui structurent le rapport des populations périphériques au politique.